JANELA

Da janela do meu apartamento

Vejo mais do que quero enxergar.

Vejo sentimentos escondidos

Em breves caminhar.

Vejo pessoas desconhecidas

Com histórias de vida

Que nunca irão me contar.

Mesmo assim, todos os dias,

Vou pra janela olhar.

Conheço uma vizinha

Que gosta de música.

Às vezes ouve eletrônica, forró ou acústica.

Conheço também algumas crianças.

Uma das meninas usa traça.

Brincam na garagem, uma canta a outra dança.

Os meninos gostam da calçada.

Quase toda tarde, vejo uma bola abandonada.

E lá estão eles, suados com a camisa jogada.

Tem um homem que sempre vejo bêbado.

Caminha tranquilo pela rua.

E entra em casa em segredo.

Tem um rapaz jovem.

Sempre com um violão na mão.

Já o ouvi tocar, cantando coisas do coração.

Moro nessas coisas que vejo.

Sempre querendo ver algo mais.

Mas é olhando da janela que às vezes tenho paz.